13/04/2008

Entrevista ao presidente da associação cabo-verdiana - sr. Avelino Varela




1- Porque motivo decidiu viver em Portugal?
Não fui eu quem decidiu, primeiro veio o meu pai trabalhar para cá, na medida em que pudéssemos melhorar as nossas condições de vida, mais tarde acabei por vir para Portugal com a minha mãe e os meus irmãos e ficamos cá a morar.

2- Há quanto tempo vive em Portimão?

Há 35 anos.

3- Como foi a sua adaptação?
Foi simples, pois quando cheguei já estava no 2º ano, no ciclo. Fui estudar para a escola D. Martinho Castelo Branco, onde encontrei um ex-colega que também tinha estado em São Tomé e Príncipe. Encontrávamo-nos os dois numa turma muito boa e bastante unida, o que facilitou a minha adaptação a um novo país.

4- O que o levou a criar esta associação?
Quando saia à noite com o meu grupo de amigos, nunca tínhamos em Portimão um local que passasse músicas africanas, nem que existisse convívio entre africanos, tínhamos de ir para outras cidades. Foi ai que surgiu a ideia de criar esta associação, pedi apoios, que inicialmente foram recusados, até que 9 anos mais tarde apareceu o projecto de realojamento do barranco do Rodrigo.
A associação formou-se em 1999 e como a minha escolaridade era baixa tive de fazer o 6ºano.

5- Teve alguma ajuda da câmara municipal?
Sim, a Câmara Municipal forneceu-nos o local para a criação da associação, inicialmente no lugar do Barranco do Rodrigo.

6- Acha que tem ajudado a sua comunidade linguística através da associação que criou?
Acho que tenho ajudado, não em termos de língua, já que é a mesma, mas sim em realojamentos e assuntos relacionados com a escola e com a formação.

7- Quais os projectos que pretende desenvolver com a associação?
Vários, entre eles a criação de cursos. Futuramente, irão existir novos cursos na área da informática e hotelaria.

8- Costuma a encontrar-se com membros de outras comunidades? Se sim, onde?
Depende, normalmente encontrámo-nos com outros membros em Lisboa, Setúbal, Loulé e Quarteira. Estas câmaras municipais promovem formações, palestras sobre imigrantes, nelas as diferentes comunidades vão falar, dançar, ou seja, passar um bom bocado juntos e conviver entre si.

9- É difícil a adaptação dos estudantes da sua comunidade nas escolas portuguesas? Que tipos de apoio é que as escolas e a câmara municipal lhes concedem?
Não é muito difícil, pois a língua é a mesma e a escolaridade é equivalente. Os estudantes da minha comunidade têm ajuda através do protocolo da autarquia.

10- Os imigrantes têm muita dificuldade em encontrar emprego quando vêm para cá?
Acho que não, os imigrantes são ajudados. O mais difícil de tudo é a legalização e às vezes como os imigrantes não se encontram legais, os patrões demoram bastante tempo a pagar-lhes o ordenado

11- Em que profissões é que esses imigrantes se destacam?
Profissões ligadas ao ramo hoteleiro e construção civil.

12- Acha que se devia de alterar certos aspectos para uma melhor inserção dos imigrantes na sociedade ?
Na minha opinião, o governo deveria simplificar a documentação para a legalização dos imigrantes, dado que esse é um processo complicado.

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Quem somos?

Os heterónimos
Aurora Offermans, Joana Nunes, Nicole Alegre e Pedro Marrachinho - somos um grupo de alunos da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes - Portimão, da disciplina de Área-Projecto, turma E do 12.º ano e estudantes do Curso de Línguas e Literaturas.

O nosso objectivo?

Através deste projecto pretendemos mostrar à comunidade portimonense de que forma as várias comunidades linguísticas presentes no município contribuem para o seu desenvolvimento e como estas também são influenciadas pela nossa cultura.